Catequese kerigmatica

 O Anuncio do Kerigma!

Como é belo anunciar a todos o amor de Deus,

que nos salva e dá sentido à nossa vida! 

Papa Francisco


KERIGMA (ou PRIMEIRO ANÚNCIO) – Palavra grega, que significa proclamação oficial de uma mensagem. Na linguagem da Igreja, significa o primeiro anúncio do Evangelho, em ordem a despertar a fé e reunir em Igreja. É dirigido aos que ainda não acreditam e deve revestir uma forma jubilosa e convidativa. Deve ainda transmitir o essencial da fé cristã: Jesus Cristo venceu a morte, ressuscitando, e comunica, àqueles que n´Ele crêem, a vida nova, a salvação. 

À luz dos documentos da Igreja sobressaem alguns traços característicos do catequista:

 – é chamado por Deus; – é um cristão adulto, completamente inserido na comunidade cristã, identificado, comprometido e em sintonia com ela; 

– é enviado por Deus através da Igreja e como Porta-voz desta; – a sua missão é o serviço aos homens para, numa atitude de acolhimento, escuta, diálogo, serviço, solidariedade e cooperação, fazer crescer as pessoas, levando-as ao desenvolvimento integral e à comunhão íntima com Cristo, na comunidade cristã; – é mestre que ensina (sabe); educador que sabe ensinar, acompanhar e conduzir;

 – é testemunha que vive e pelo seu exemplo dá credibilidade à mensagem que proclama; Módulo II – Quem é o catequista 956 – não descuida a sua formação em todas as áreas do ser, do saber e do saber fazer, fazendo-se catequista para este tempo; 

– cultiva a espiritualidade própria do catequista, catequizando-se primeiro a si próprio em cada acto catequético que realiza; – sente que o seu trabalho está ao serviço do Espírito Santo, que actua livremente e em pessoas livres; 

– realiza o seu ministério em equipa e em comunhão com todos os outros agentes da Catequese.


Do documento Evangelium Gaudium de Papa Francisco: Uma evangelização para o aprofundamento do kerigma 

O mandato missionário do Senhor inclui o apelo ao crescimento da fé, quando diz: «ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado» (Mt 28, 20). Daqui se vê claramente que o primeiro anúncio deve desencadear também um caminho de formação e de amadurecimento. A evangelização procura também o crescimento, o que implica tomar muito a sério em cada pessoa o projecto que Deus tem para ela. Cada ser humano precisa sempre mais de Cristo, e a evangelização não deveria deixar que alguém se contente com pouco, mas possa dizer com plena verdade: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20). DGC,160.



Uma catequese kerigmática e mistagógica 

A educação e a catequese estão ao serviço deste crescimento. Já temos à disposição vários textos do Magistério e subsídios sobre a catequese, preparados pela Santa Sé e por diversos episcopados. Lembro a Exortação Apostólica Catechesi tradendae (1979), o Directório Geral para a Catequese (1997) e outros documentos cujo conteúdo, sempre actual, não é necessário repetir aqui. Queria deter-me apenas nalgumas considerações que me parece oportuno evidenciar. DGC,163.


Voltámos a descobrir que também na catequese tem um papel fundamental o primeiro anúncio ou kerigma, que deve ocupar o centro da actividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial. O kerigma é trinitário. É o fogo do Espírito que se dá sob a forma de línguas e nos faz crer em Jesus Cristo, que, com a sua morte e ressurreição, nos revela e comunica a misericórdia infinita do Pai. Na boca do catequista, volta a ressoar sempre o primeiro anúncio: «Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar». 

Ao designar-se como «primeiro» este anúncio, não significa que o mesmo se situa no início e que, em seguida, se esquece ou substitui por outros conteúdos que o superam; é o primeiro em sentido qualitativo, porque é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, 130 duma forma ou doutra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos.126 Por isso, também «o sacerdote, como a Igreja, deve crescer na consciência da sua permanente necessidade de ser evangelizado». DGC 164.

Não se deve pensar que, na catequese, o querigma é deixado de lado em favor duma formação supostamente mais «sólida». Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio. Toda a formação cristã é, primariamente, o aprofundamento do querigma que se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne, que nunca deixa de iluminar a tarefa catequética, e permite compreender adequadamente o sentido de qualquer tema que se desenvolve na catequese. É o anúncio que dá resposta ao anseio de infinito que existe em todo o coração humano. 

A centralidade do kerigma requer certas características do anúncio que hoje são necessárias em toda a parte: que exprima o amor salvífico de Deus como prévio à obrigação moral e religiosa, que não imponha a verdade mas faça apelo à liberdade, que seja pautado pela alegria, o estímulo, a vitalidade e uma integralidade harmoniosa que não reduza a pregação a poucas doutrinas, por vezes mais filosóficas que evangélicas. 

Isto exige do evangelizador certas atitudes que ajudam a acolher melhor o anúncio: proximidade, abertura ao diálogo, paciência, acolhimento cordial que não condena. 167. 


Anunciar Cristo significa mostrar que crer n’Ele e segui-Lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida dum novo esplendor e duma alegria profunda, mesmo no meio das provações... DGC 165.


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