Bispos da CEAST rezam pela independência de Angola

Por ocasião da celebração dos 40 anos da independência de Angola e dentro da 2º Assembleia plenária da CEAST, os bispos da CEAST celebraram a Eucaristia dia 08 de Novembro de 2015 na Paróquia de São João Baptista, em Cacuaco - diocese de Caxito.
Dom Gabriel Mbiligi, presidente da CEAST, presidiu a eucaristia que contou com a presença de dom Petar Ragic, Núncio Apostólico.
Na homilia Dom Gabriel Mbiligi, além do comentário às leituras fez referência á celebração dos 40 anos da independência como podemos ver no texto que se segue:
 “É Missa de acção de graças a Deus, nosso Pai, Senhor da história, e que nos liberta de todas as formas de opressão, como a opressão colonial para os angolanos e nos chama em Cristo à salvação plena. Aconteceu há 40 anos!
Colocamos sobre o altar do Senhor o sacrifício dos angolanos e angolanas que derramaram o seu sangue para o alcance da independência nacional. Recordamos todos os homens e mulheres, vivos ou mortos, que deram o melhor de si para que Angola, hoje, tivesse alcançado a sua autonomia política e económica: deram a sua juventude, sacrificaram os seus planos de vida, o seu futuro, ficando sem estudar, ficando órfãos ou viúvas ou longe da família, sofreram o exílio, foram torturados nas prisões, oprimidos e privados de quaisquer direitos, despojados da sua dignidade. Outros exerceram o seu patriotismo e contribuíram para o processo da libertação no campo da educação, da saúde, da formação técnico-profissional…evangelizando, anunciando Jesus o Salvador. O alcance da independência foi obra de muitos heróis e heroínas conhecidos uns, anónimos outros, mas a Deus todos presentes.
Rezamos pelos órfãos e viúvas/os das guerras antes e depois da independência que tiveram lugar no nosso País; pelas vítimas das desigualdades sociais nos nossos dias e peçamos a Deus a docilidade ao Espírito Santo para a busca de soluções, pois acreditamos no Deus que nunca abandona os seus filhos e filhas que n’Ele depositam a sua confiança.
Damos graças a Deus por todos os benefícios que d’Ele recebemos antes, durante e ao longo dos 40 anos da nossa independência. Cada um saberá…Renovamos o nosso compromisso de viver o Evangelho e a nossa fé em Jesus; reavaliamos o percurso, nos comprometemos a melhorar o que fizemos bem e a corrigir o mal; reavivar o nosso compromisso social, criando, com a ajuda de Deus, uma sociedade mais humana e fraterna, atenta aos mais pobres e marginalizados, livre de todos os males que põem em causa a dignidade da pessoa humana.
Protagonistas da Liturgia de hoje são duas humildes e pobres viúvas: a viúva de Sarepta e a humilde viúva de Jerusalém, duas mamãs na condição de máxima necessidade, mas que têm uma imensa riqueza de confiança em Deus e de generosidade para com o próximo. As duas são figuras emblemáticas da verdadeira atitude do crente diante de Deus: a única riqueza de que nos podemos orgulhar diante dele é a da disponibilidade a despojar-nos do que temos, muito ou pouco que seja, para o partilharmos com os outros. A generosidade é riqueza, ao passo que o apego ao dinheiro é sempre miséria e pobreza espiritual.
Uma situação de grande privação compromete a qualidade de vida da região inteira: uma seca prolongada, decretada pelo Senhor através do profeta Elias. Este procura refúgio, por ordem divina, em terra estrangeira, onde recebe a ajuda generosa de uma pobre “viúva”. O Senhor abençoa o gesto de solidariedade e de fé desta mulher, garantindo milagrosamente os meios de sobrevivência tanto a ela, como ao filho e ao profeta.
O profeta pede primeiro água e depois acrescenta o pão e a mulher explica ao profeta a sua desesperada situação: depois daquele pãozinho viria a morte para ela e o seu filho. Mas o profeta insiste, assegura-a de que Deus não lhe deixaria faltar quanto era necessário para viver. A mulher acredita na palavra do profeta, oferece generosamente tudo quanto lhe restava e em contrapartida obtém infinitamente mais de quanto havia dado: “desde aquele dia, nem a panela da farinha se esgotou, nem se esvaziou a almotolia do azeite”.
Na viúva de Zarepta actuam contemporaneamente dois impulsos que se integram e se provocam reciprocamente: a generosidade para com o necessitado, a qual nasce do desapego em relação às coisas e do amor ao próximo; a fé na palavra do profeta, que ela reconhece como o enviado de Deus, o qual tem o direito de pedir-nos não só o “supérfluo” mas também o “necessário”. Generosidade do coração e fé na palavra impelem a viúva de Zarepta a um gesto de caridade que põe em risco a sua própria vida. Mas, como recompensa, ela reencontra o seu “dom” multiplicado.
Deus tem uma particular atenção e delicadeza para com os mais débeis e os mais pobres. “O Senhor é fiel para sempre; faz justiça aos oprimidos, dá pão aos que têm fome, dá a liberdade ao cativos…protege o peregrino, ampara o órfão e a viúva…(Salmo).
Pede-nos que façamos o mesmo. No juízo final Cristo dirá aos eleitos: “Vinde, benditos de meu Pai, recebei o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo” (Mt 25,34). Àqueles que terão sabido reconhecer Cristo nos pobres, nos nus, nos famintos, etc, partilhando com eles os seus bens e sobretudo o seu amor, é assegurado o “reino” para sempre.
O Evangelho de hoje apresenta-nos um caso semelhante ao da viúva de Zarepta embora num contexto diferente. Os escribas e fariseus fazem ostentação da sua suposta bondade. Dão esmolas, tocando a campainha: rezam no templo, à frente e em tom de grandiosidade: ocupam os primeiros lugares, etc. Jesus, mais uma vez, se insurge contra este espírito de falsidade. “Não ocupeis os primeiros lugares”.
Jesus está diante da caixa do tesouro no templo e observa a cena: como sempre, a ostentação dos ricos, que têm muito dinheiro e dão muito, para se mostrarem ou pensando poder “comprar”, desta forma, a benevolência de Deus. Comparando-os com a viúva, esta não ofereceu nada: esta deitou duas pequenas moedas, isto é, uma quantia sem praticamente nenhum valor.
Mas, na realidade, diz Jesus aos seus apóstolos, ela “deitou na caixa mais do que todos os outros” porque não deu o “supérfluo”, como os ricos, mas o indispensável “para viver”. Deus não precisa daquilo que “temos”, mas daquilo que “somos” na nossa realidade e sinceridade: a mulher ofereceu-Lhe a sua vida e o seu coração; os ricos apenas algumas migalhas das suas riquezas, talvez até recolhidas exactamente “devorando as casas das viúvas”!
Jesus valoriza o gesto da mulher, apontando-o como modelo de verdadeira religiosidade, de fé simples, alheia a qualquer cálculo e ostentação, capaz de oferecer generosamente a própria vida a Deus.
O episódio do óbulo da viúva está directamente ligado ao ataque de Jesus aos “escribas”, amigos das honras e do dinheiro. Esta atitude de ostentação e de hipocrisia faz ressaltar ainda mais a simplicidade e a plenitude do gesto da mulher. Esta dá até mesmo aquilo que lhe era indispensável para viver, enquanto os escribas, ávidos de dinheiro, “devoravam as casas das viúvas” (muitos escribas, com a desculpa de assistir as viúvas necessitadas de conselho e de consolação, exploravam a sua posição de conhecedores da lei para exigirem somas avultadas de dinheiro pela prestação dos seus serviços, aproveitando-se também da hospitalidade delas).
Devemos também dizer que a oferta da viúva, depositada no tesouro do templo, era um acto de culto a Deus, e, por isso, é muito sincera e desinteressada, porque não pedia nada em troca. É uma mulher pobre, mas que a Deus dá tudo o que tem!
Que Deus nos dê a graça de Lhe sermos fiéis na vivência da nossa fé, na via do amor, da generosidade, da simplicidade e da partilha, buscando sempre a reconciliação com Deus, com os irmãos e com a inteira criação para uma paz duradoira na nossa querida Pátria. Deus continue a dar-nos a sua bênção!
Imaculado Coração de Maria,
Padroeiro de Angola, Rogai por nós.
Amen”

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